segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Quem foi o vaqueiro Simão Dias?

O nome do município é uma homenagem a Simão Dias, figura histórica que desde a emancipação política teve seu nome envolvido em calorosos debates sobre a sua real participação na origem da povoação. O município se originou como como conseqüência da invasão holandesa em Sergipe, pois com a eminência de uma ocupação o governo geral ordenou que o gado fosse evacuado. No entanto Braz Rabelo, latifundiário das terras de Itabaiana decidiu que o gado, ao invés de ser evacuado para além da margem sul do Rio Real, fosse escondido nas matas do Caiçá.

Estátua  em homenagem ao vaqueiro Simão Dias, localizada na entrada do Município (Lagarto - Simão Dias).

A região, onde hoje está a cidade, era povoação de índios que habitavam as margens do Rio Caiçá. Este hoje banha a cidade totalmente poluído.
 
A emancipação veio com a República por decreto de Felisberto Freire quando exercia o mandato de presidente do Estado de Sergipe, o que equivaleria a Governador de Estado atualmente. Este, um dos primeiros historiadores sergipanos, defendeu a origem histórica do vaqueiro afirmando em seu livro “História de Sergipe” que:
 
“Os terrenos onde está edificada hoje (1891) a Vila de Simão Dias foram doadas a Simão Dias Fontes, Cristóvão Dias e Agostinho da Costa” (FREIRE: 1997, p. 322).
 
O mesmo baseava a sua informação em estudos que demonstravam a existência de um homem chamado de Simão Dias Fontes, que juntamente com Cristóvão Dias e Agostinho Costa solicitaram sesmarias ao governo real nos anos de 1599, 1602 e 1607. O primeiro povoador também era conhecido como Simão Dias Francês.
 
Barão de Santa Rosa - Sebastião da Fonseca Andrade
Baronesa - Ana Freire de Carvalho

No entanto com passar dos anos personalidades locais começaram a questionar a existência do referido povoador, levantado suspeitas sobre existência do mesmo. O grande defensor dessa tese foi o Padre João de Matos Carvalho que na intenção de Homenagear o Comendador Cel. Sebastião da Fonseca Andrade, mais conhecido com Barão de Santa Rosa, bem com à sua esposa resolveu desqualificar a tese defendida por Felisberto Freire. O padre tinha parentesco com a esposa do comendador e valeu-se de uma poderosa retórica, como também de várias controvérsias sobre a figura do vaqueiro Simão Dias. Esse debate está relatado no livro com título “Simão Dias ou Anápolis? Resenha histórica de sua fundação” publicado em 1912. Nesse livro ele levanta a tese de que na verdade o município se originou do esforço de Ana Francisca de Menezes, pois a mesma dou as terras onde hoje está edificada a Matriz de Santana. Nesse mesmo local, no passado, foi edificada uma capela onde daria origem à freguesia, posteriormente a Vila e por fim o Município. Sob esses argumentos o município teve então seu nome alterado em 25 de outubro de 1912, passando a se chamar “Anápolis” , como homenagem à Ana Francisca de Menezes e Ana Freire de Carvalho, esposa do Barão.

No entanto, os debates continuaram acalorados. Felisberto Freire, bem como vários intelectuais sergipanos e simãodienses defenderam com veemência o nome do Vaqueiro Simão Dias, como o primeiro povoador. O questão seria revista durante o Estado Novo, quando após a criação do IBGE por Getúlio Vargas, ficou vedada a existência de cidades com o mesmo nome no território Nacional. Como existia um município goiano com esse nome, e mais antigo, a Anápolis sergipana teve que voltar a se chamar Simão Dias, pelo decreto Lei nº 533, de 7 de dezembro de 1944.

Escrito por:
Marcelo Domingos de Souza
Licenciado em história pela Universidade Federal de Sergipe
Fonte: http://www.marcelodomingos.com.br/simao.html

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